domingo, 12 de setembro de 2010

Capítulo Oito


Capítulo Oito


O tempo passou de uma maneira desigual, Marcus tinha razão, o tempo passa de maneira diferente para aqueles que têm todo o tempo do mundo, para aqueles que têm a eternidade pela frente...
Eternidade... É, isso ainda difícil para Debora aceitar, mas bem, quem reclamaria?
E pensar que toda vez que olhasse no espelho, veria o mesmo rosto, as mesmas feições sem rugas...
Quer dizer... Metaforicamente falando, vampiros não têm reflexo no espelho, por mais inacreditável e sem sentido que isso possa aparecer... Bem, ou não...
Não diferenciar mais dia ou noite, para ser sincero, isso não fazia a menor diferença, já que em Burns, sempre é noite... Ah! Os raios solares... Não, Debora não sentia falta deles, talvez só um pouco...
E aquela história de beber sangue? Isso ela já havia superado há muito tempo, para que ficar se remoendo por algo tão... Natural?
Claro, beber sangue não é algo assim tão natural, mas para sua surpresa, para ela se tornou natural depois de um tempo... Certo... E a sede foi um grande incentivo para ela aceitar sua “nova vida”.
Claro, também, que beber sangue direto de uma bolsinha de doação era bem mais suportável para seu estômago do que tirar sangue da  veia de alguém... Mas ela tinha que admitir que essa idéia era muito, muito atraente.
E sim, quando a sede vinha não se imaginava rasgando um saquinho cheio de sangue, se imaginava rasgando pele macia, uma jugular carnuda até seus dentes chegarem ao rio corrente que era o sangue de alguém...
Sua boca encheu de saliva com esse pensamento.

treinamento’ que ficava em um lugar afastado de Burns para que ela aprendesse a lutar, a ser mais rápida, a ser mais ágil, a controlar todos os seus super sentidos que eram agora muito aguçados.
No começo, Debora acreditou que estava ficando louca, - novidade? -  pois ela podia ouvir o som de qualquer coisa e era muita informação em sua cabeça, mas Marcus a ensinou a prestar atenção em apenas aquilo que ela queria ouvir e isso a deixou bastante aliviada.
Seu olfato também era muito potente agora, pois ela podia reconhecer o cheiro de qualquer coisa, mesmo que estivesse a muitos metros de distância, alguns cheiros eram mais chamativos que outros, por exemplo, o cheiro de sangue humano fresco a deixava com a garganta seca e tudo que ela queria era correr até onde esse humano estava, o que Marcus ensinou era que ela tentasse se controlar, para que pudesse ir a cidade à noite sem atacar as pessoas e se isso fosse muito difícil era só ela parar de respirar, os vampiros agüentavam bastante tempo sem ar em seus pulmões, então não respirar parecia a única saída para Debora.
Marcus disse também que com o passar dos anos, essa sua sede iria ser controlada e era ela quem iria ter o controle por si e não a sua sede.
Marcus era um bom professor, era paciente e ria se Debora fizesse as coisas da maneira errada só para deixá-la irritada e depois a demonstrava como queria que ela fizesse.
Mas Marcus também não a dava descanso, ele dizia que quanto mais eles treinassem, mais cedo ela poderia ir a cidade, ver seus amigos e outras pessoas sem demonstrar que era um vampiro e isso era chantagem emocional das mais violentas, Debora sabia, mas deixava se render.
Debora tinha também aulas teóricas, onde Marcus a contava histórias sobre antigos vampiros, a explicava como a população vampira se organizava e quem eram os vampiros mais poderosos e por que.
Debora se sentia estranha a cada nova informação e pensava:
“Como eles vêm se organizando há tantos séculos e nenhum humano sequer desconfiou?”
Às vezes, ela se sentia estúpida, pois quando humana não levava a sério nenhum tipo de história sobrenatural e chamava todas elas de lendas, e quem diria, a lenda agora era ela.
Quão irônico tudo isso era?
Ela fazia um trilhão de perguntas por dia e Marcus respondia a todas elas, mas tinham algumas que ele se esquivava e trocava de assunto rapidamente.
Como:
Por que ele e seu irmão se odeiam?
Por que ele a transformou?
Por que o pai deles escolheu Viktor invés dele?
Por que a Debora?
Por quê? Por quê? 
-Eu quero que você pule em mim e me morda.  - ordenou ele uma noite quando chegaram ao local de seus treinamentos.
-O quê?  - perguntou Debora confusa e assustada.
Era a primeira vez que ele lhe dizia algo assim.
Como ela deveria interpretar isso?
-Pule em mim e me morda... Isso é, se conseguir.  - respondeu ele dando aquele seu sorriso sarcástico de sempre.
-Mas por quê?  - perguntou Debora dando um passo para trás.
-Por que, por que, por que... É tudo que você sabe falar? Vamos, faça o que estou te mandando.  - ordenou ele fingindo estar irritado, mas não conseguia esconder seu sorriso diante a expressão desconfiada de Debora.
-Mas o que eu estarei aprendendo se eu simplesmente pular em você e te morder?
Marcus rolou os olhos e a puxou pela mão.
-Fique parada, não se mexa, nem respire.  - disse ele seriamente, mas Debora sabia que ele ia aprontar alguma coisa, seus olhos estavam divertidos, ela já o conhecia.
Ela ficou no lugar onde ele a mandou ficar e esperou, Marcus desapareceu de sua visão e quando Debora menos esperava, ele pulou em suas costas, mas ela, já sabendo o que ele ia fazer, se abaixou e ele pulou por cima dela, parando em sua frente. Debora riu.
-Eu sabia o que você ia fazer.  - disse ela presunçosamente, rindo dele.
Marcus deu nos ombros e desapareceu novamente e quando Debora percebeu, ela já estava jogada no chão, com ele em cima dela, seus rostos a centímetros de distância um do outro e ele sorriu.
-Isso não vale, você roubou... - reclamou ela tentando se soltar, mas Marcus estava segurando seus pulsos em cima da cabeça, prendendo-a contra o seu corpo.
-Agora eu vou ter que te morder.  - disse ele seriamente e levou sua boca para o pescoço de Debora e por um instante ela pensou que ele iria realmente mordê-la, mas ele tocou seu pescoço de leve com seus lábios em um beijo doce e gentil.
-Agora eu te matei. - disse ele sorrindo, ela pode sentir os dentes dele na pele de seu pescoço.
-Bem, você já me matou antes, então...
Esse comentário de Debora fez com que Marcus ficasse sério novamente e ele levantou, dando uma mão para que ela também levantasse, e ele ficou de costas para ela.
-Você tem que aprender que não pode ser pega desprevenida, que quando menos se espera, outro vampiro pode pular em você e sugar todo o seu sangue e esse será seu fim.  - disse ele ainda de costas para ela, falando como um professor que explicava uma nova matéria, sua voz estava controlada como sempre, muito profissional.
Ela preferia o Marcus que ria dela.
Debora levantou o braço, brincando.
-Hein, Marcus...  - chamou ela e quando ele se virou e viu que ela estava com o braço levantado, ele a olhou com curiosidade.
-O que você está fazendo?  - perguntou ele confuso.
-Eu tenho uma pergunta.  - respondeu ela abaixando seu braço.
-As suas perguntas começaram cedo hoje...  - resmungou ele se afastando para arrumar um equipamento de luta.
-Quando vai ser a minha vez?  - perguntou ela inocentemente, mas rindo.
-Vez de quê?  - perguntou ele ainda prestando atenção total ao que estava fazendo. Ele não sabia o que estava fazendo, não queria olhá-la, não agora, não quando sabia que em seus olhos estavam paixão e frustração enquanto que nos dela só se encontrava diversão. Diversão  inocente. Não a do tipo que vinha brincando com a mente dele nos últimos tempos.
-De te atacar?  - perguntou ela.
-Você quer me atacar?  - perguntou ele virando-se para ela e a encarando.
-Sim... Você já me atacou duas vezes, em uma delas você me matou, então eu tenho que pelo menos tentar...  - respondeu ela dando os ombros ainda rindo.
-Você quer me matar? - perguntou ele se aproximando, seu tom era desafiador, mas Debora percebeu que ele estava se divertindo também. Diversão, apenas diversão.
Inocente era a palavra que ele repetia pra si mesmo enquanto se aproximava, diversão inocente, uma brincadeira.
-Na maioria das vezes.  - respondeu ela com sinceridade.
-Você quer me matar agora?  - perguntou ele se aproximando ainda mais, fazendo com que seus corpos ficassem a trinta centímetros de distância.
-Com certeza.  - respondeu Debora se aproximando ainda mais. Quinze centímetros de distância.
-Pois então tente.  - desafiou Marcus dando um passo para frente, dois centímetros de distância.
Ele estava a encarando, procurando uma resposta em seus olhos.
Ela não sabia a pergunta. Isso também não importava.
Debora aproveitando a distração dele, girou entorno do corpo dele e o atacou por trás, enrolando suas pernas pela cintura de Marcus e apertando seu pescoço com as duas mãos.
Ele prendeu a respiração, mandou suas mãos ficarem longe do corpo dela, mandou seu rosto não ir encontro do rosto dela...
Então ele nem se mexeu, nem por causa do impacto, muito menos pelo peso de Debora, ficou parado ali, esperando que ela descesse, esperando que ela nunca mais desgrudasse dele.
-Eu não vou te matar, seria muito fácil. - disse ela prestes a descer, mas ele segurou as coxas dela, a fazendo ficar no lugar. Ele não estava preparado para deixá-la longe agora.
-Não, me mostre. Como você me mataria?
Suas mãos continuaram nas coxas dela enquanto ela ficava em silêncio por alguns segundo, pensando.
“Demore o tempo que quiser...”
Ele desejou que ela nunca encontrasse uma maneira.
Mas então ela o surpreendeu.
Ela se jogou no chão, derrubando os dois no chão, e o rodeou, ficando por cima dele, da mesma maneira em que ele esteve sobre ela alguns minutos atrás.
Foi um ótimo golpe.
Um ótimo golpe contra o autocontrole de Marcus. Seu desejo era visível.
Ela não via? Ela não sentia o desejo dele contra o corpo dela?
Ela não se importava? Ela iria fazer algo a respeito?
O rosto dela estava tão próximo que o ar que ele inspirava era o ar que saia da boca entreaberta dela.
Se ele levantasse a cabeça apenas dois centímetros, seus lábios encontrariam os dela.
Encontrariam o céu.
Então ele levantou a cabeça no mesmo instante em que ela caiu ao lado dele, se contorcendo de tanto rir.
Ela estava rindo como não ria há tanto tempo, nem se lembrava da última vez que riu dessa maneira, de uma forma leve e prazerosa, onde as risadas não soavam de maneira falsa e forçada.
-Você me cobrando atenção quando está completamente fora do ar, que belo exemplo Marcus! - debochou ela e ele se sentou, tanto porque ficar deitado no chão não era muito bonito para um Instrutor, quanto para disfarçar o desejo que sobressaia pela calça.
E riu também.
Riu porque ela estava certa, riu porque ela estava rindo, porque isso era maravilhoso, riu porque ele era um idiota, riu porque isso não era nenhum pouco engraçado.
Debora reparou que a risada dele, uma sinfonia perfeitamente ensaiada, invadiu todo o campo de treinamento e ela acabou admirando o rosto feliz de Marcus.
Ele não era tão bonito quanto Viktor, mas ele era mais bonito do que qualquer humano, a beleza de Viktor era intocável e inatingível, mas a de Marcus era visível e era tocável, e seu sorriso brilhante era contagiante e tranqüilizador.
Suas feições eram um pouco mais duras que as de Viktor, e seus olhos eram bem mais escuros, de um verde folha-molhada.
Ela voltou a pensar em Viktor.
Durante semanas não viu Viktor e era estranho, pois sentia falta dele, mas como poderia sentir falta daquilo que nunca teve ou sequer conheceu?
É, ela o conheceu e os dois trocaram meia dúzia de palavras, mas mesmo assim ela sentia como se precisasse vê-lo, como se tivesse necessidade dele. E isso só não era novo, como também era assustador, parecia que alguma força que emanava de Viktor a puxasse para perto dele.
Sim, isso era muito mais assustador do que fascinante, mas ela se encontrava pensando nele e estava começando a acreditar que aquilo estava virando obsessão.
Mas ela realmente se importava?


Em uma das noites, teve uma grande festa na mansão dos Burns, e Debora estava realmente curiosa para saber o que vampiros faziam em festas.
Eles dançavam?
Eles bebiam sangue em garrafas como se fossem bebidas alcoólicas?
O que eles faziam?
Ela perguntou para Marcus umas duzentas vezes até ele contar que não gostava desse tipo de festa e talvez ela pudesse também não gostar.
-Mas por que você acha que eu também não vou gostar? Não sei que temos muitas coisas em comum...  - desafiou ela quando estavam sentados no chão do campo de treinamento, ela nunca se sentia realmente cansada, mas não queria passar todo o tempo que tinha treinando lutas ou qualquer coisa que Marcus tentasse ensiná-la.
-Você se lembra de quando eu disse que você entraria em um lugar onde nenhum humano jamais entrara?  - perguntou ele não fazendo esforço para esconder seu tédio.
-Sim... E?  - perguntou ela ficando ainda mais curiosa, mas não sabia o que uma coisa tinha a ver com a outra.
-Eu menti.  - respondeu ele seriamente. Sua voz grossa parecia estar um pouco mais rouca do que o habitual e mesmo que aquela mentira não fosse A MENTIRA, Debora ficou irritada.
-Por que você mentiu? O que uma coisa tem a ver com a outra? Dá para falar de uma vez ou eu vou ter que ficar arrancando palavra por palavra da tua boca?  - surtou ela muito irritada, mas não sabia por que exatamente estava brava.
Era por que Marcus mentiu para ela?
Claro que não...
Era por que Marcus não queria contar o que realmente acontecia nessas festas?
Talvez...
Era por que ela estava muito curiosa e todo aquele suspense todo estava a dando nos nervos?
Com certeza!
Apesar que a primeira opção ficou martelando em sua cabeça e ela não entendia porque ela estava levando tão a sério o fato de Marcus ter mentido para ela.
-Muitos humanos já estiveram aqui, mas nenhum deles saiu.  - respondeu ele simplesmente, ignorando a irritação de Debora.
-Não saiu?  - perguntou ela confusa.
-Nessas festas, os humanos são como prato principal de um jantar.  - disse ele com uma expressão estranhamente vazia.
-Ah! Como se você não caçasse humanos, Marcus... É meio hipócrita de a sua parte fazer caso por isso...  - disse Debora um pouco desapontada por essa informação.
-Você ouviu o que eu acabei de dizer? Vampiros vão à cidade, escolhem os ‘melhores humanos’, aqueles que são mais bonitos, ou aqueles que possuem um tipo de sangue único, e os trazem para cá. Nenhum desses humanos sabe onde está indo, ficam até lisonjeados acreditando que foram convidados para algum tipo de festa secreta, mas quando chegam aqui...
Marcus não terminou de falar, mas Debora sabia o que ele iria dizer:
“Mas quando chegam aqui, eles morrem.”
Debora demorou um tempo para processar tudo que tinha ouvido de Marcus e se sentiu mal por ter o chamado de hipócrita, o que acontecia era horrível...
Apesar de ser tentadora a oportunidade de poder beber sangue direto de uma veia humana, ela nunca tinha feito isso e apesar de parecer repulsivo ou nojento, era de sua nova natureza que ela o fizesse, ainda mais quando isso podia ser tão absurdo de sua parte ter chamado Marcus de hipócrita quando ela estava quase se esquecendo de sua humanidade.
-Eu já me alimentei de pessoas muitas vezes, já matei muitas pessoas, Debora... Não, não me arrependo, isso faz parte da minha natureza, mas esse tipo de ‘festa’ me dá nos nervos, eu ainda tenho humanidade apesar de séculos de vida e estou decepcionado.  - sussurrou Marcus de uma maneira que Debora nunca tinha o ouvido falar.
-Decepcionado?
Ela não entendia o que ele queria dizer.
-Sim...  - respondeu ele ainda sussurrando, ele estava olhando para o chão, sua cabeça baixa.
-Decepcionado com o quê?  - perguntou Debora quase irritada por ele estar a fazendo ter que perguntar tudo para que entendesse.
-Com você.  - disse ele a olhando nos olhos.
Debora sentiu um soco invisível atingir seu estômago e ficou sem ar.
Por que a opinião de Marcus importava tanto para ela?
Do que ele estava falando para começo de conversa?
-Por quê?  - conseguiu perguntar ela depois de alguns segundos para se recuperar.
-Porque eu acreditei que você ainda tivesse humanidade.  - respondeu ele sem hesitar, Debora se encolheu com a hostilidade de suas palavras e sentiu uma vontade estúpida de chorar.
Ela estava irritada, muito irritada, então se levantou e deu as costas para Marcus.
-Debora! Debora! - chamou Marcus indo atrás dela, mas ela apenas o ignorou.
Mas Marcus era mais rápido do que ela, e já estava em sua frente a impedindo de passar.
-Debora...  - pediu ele quando ela não estava o olhando nos olhos.
-Que foi?  - perguntou ela irritada o encarando agora.
-Eu não queria dizer aquilo... Desculpa... Eu só estou estressado...  - pediu ele com aqueles olhos verdes inocentes que Debora quase não resistiu, quase.
-Eu não posso perdoar você, Marcus.
Ele a olhou preocupado, triste, cansado, longe dali.
Ela não se importou, ela queira machucá-lo, ele havia a machucado.
E não, ela não estava exagerando.
-Porque perdoar é coisa para humanos!  - respondeu ela frisando a palavra ‘humanos’, conseguindo passar por ele e desaparecer e ele não foi atrás dela.
Não dessa vez.
Não durou muito tempo sua decisão e a encontrou sentada num grande sofá em uma das muitas salas da Mansão Burns, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, – ele ainda não sabia o que poderia dizer – Viktor apareceu e roubou sua oportunidade.
Até agora nada fora do normal.
- Está animada com a festa que teremos hoje?
E ela sorriu para ele. Para ele.
Como Viktor tinha tanto poder sobre Debora que até conseguia fazer com o humor dela melhorasse?
Isso frustrava Marcus, ela estava de mau humor por causa dele, por causa dele. Argh!
-Festa é sempre festa, e eu adoro.  - respondeu Debora sorrindo a Viktor que parecia não estar prestando nenhum pingo de atenção no que ela estava dizendo. Ela não percebia. Ela não percebia nada.
-Você acompanhará meu irmão hoje à noite?  - perguntou Viktor lançando um olhar mortal e presunçoso a Marcus.
-Com Marcus?  - perguntou Debora demonstrando estar muito desapontada e irritada.
O tom que ela usou fez com que Marcus quisesse que aquele olhar de Viktor realmente o matasse.
-Sim... Meu irmão tem todo o direito de estar acompanhado de uma linda mulher.  - respondeu Viktor soando doce e animado, quando Marcus sabia na verdade que tudo que ele queria é humilhá-lo ali, bem na sua frente.
Palmas irmãozinho, você está conseguindo.
Debora ficou muda, como se esperasse que Viktor dissesse alguma coisa, que a pedisse para ir com ele ou alguma coisa do tipo.
Marcus quis fugir.
-Debora... Você acompanharia Marcus essa noite à nossa festa, por mim?  - implorou pegando a mão dela, e ela não se afastou como ela sempre fazia quando Marcus a tocava, ela até se aproximou mais dele.
Marcus ainda queria fugir.
-Por mim?  - repetiu Viktor suplicando usando seu poder de sedução que dava náuseas a Marcus.
-Claro, como você quiser...  - respondeu Debora alta, parecendo uma pessoa hipnotizada ou drogada diante de uma pessoa ilustre ou de algo divino.
“Debora, você pularia de uma ponte por mim? - Claro, como você quiser.”
Marcus queria sair correndo e nunca mais voltar.
Não que pular de uma ponte fosse matá-la, mas ele sabia que o quer que fosse que Viktor pedisse para ela nesse momento, ela faria.
E sorrindo ainda por cima... Sorrindo!
-Ótimo!  - exclamou Viktor soltando a mão de Debora, que parecia ser acordada a força de um sonho na melhor parte. Um sonho com Viktor.
Marcus queria sair correndo e nunca, nunca mais voltar!
-Agora você é o responsável pelos casais da festa, Viktor? Que profissão interessante...  - comentou Marcus não conseguindo esconder sua raiva, raiva por Viktor, raiva de si mesmo, raiva do mundo... Sim, ele era exagerado e não, ele não estava exagerando.
-Ah! Marcus, Marcus, Marcus... Não negue que estou lhe fazendo um favor. - disse Viktor simpaticamente, dando um tapinha (muito mais forte que o necessário) nas costas de Marcus.
-Não preciso de favores seus, Viktor.  - respondeu Marcus rispidamente, retribuindo o tapinha ainda mais forte nas costas de Viktor que apenas sorriu e saiu pela porta, como se só que ele estivesse procurando fazer por ali fosse irritar, humilhar, fosse fazer qualquer coisa para perturbar seu irmão.
Ele sempre conseguia. Ele respirava.
Marcus e Debora ficaram parados em silêncio por um tempo, ela ainda estava brava com ele, mas a pedido de Viktor ela teria que ir a festa com ele, quando ela queria ir com Viktor na verdade.
Ela queria fazer qualquer coisa com Viktor.
Marcus abriu a boca para falar alguma coisa, mas antes que ele pudesse, Debora já estava subindo as escadas, ela não queria falar com ele e nem sabia por que estava tão brava assim, na verdade, ela ainda estava irritada pelo fato de ele ter dito que estava decepcionado com ela por ela ter perdido sua humanidade.
Mas o que isso significa?
“Perder a humanidade”?
E desde quando o que Marcus pensava era tão importante assim para ela?
Ah! Ela estava tão irritada.
E ainda por cima, Marcus também não parecia estar nada a fim de ir com ela a qualquer lugar, o que era ótimo, pois ela não queria a nenhum lugar com ele também.
Queria?
Ah! Ela estava tão confusa!
-Debora você não precisa ir comigo senão quiser.  - disse Marcus que estava a esperando na porta de seu quarto.
Como ele podia ser tão mais rápido do que ela?
Isso só deixou-a ainda mais irritada.
-Me deixe passar.  - mandou ela o empurrando, mas ele nem se mexeu.
Debora queria matá-lo e dessa vez de verdade.
-Na verdade, eu até tenho outros planos para hoje à noite.  - continuou ele como se Debora nem tivesse o empurrado.
-Ótimo, se divirta então.  - desejou Debora de má vontade voltando a empurrá-lo para passar pela porta e o deixando plantado ali do lado de fora.


 
Depois de ter se alimentado, ela voltou para seu quarto e encontrou um pacote em cima da cama com um bilhete vermelho-sangue do lado de fora.
Ela pegou o bilhete e leu as palavras escritas à tinta:

“Matarei sua curiosidade, você saberá o que realmente acontece quando os vampiros resolvem dar uma festa. Esteja preparada.”
M.B.
Ela abriu o pacote e encontrou um vestido preto longo com um grande decote na frente, deixava seu pescoço bem exposto. Fazia sentindo, ela pensou, vampiros e pescoços expostos.
Fazia?
Ela descobriria e sim Marcus, ela estaria preparada.
Era isso que ela acreditava.
Ah! Ela estava tão enganada!

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