terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia das Crianças de Burns

Feliz Dia das Crianças !

Aqui vai um Especial - Um capítulo contando um pouco da infância dos nossos irmãos favoritos - Marcus e Viktor.
Espero que gostem!
 
Marcus olhou para seu pai sem entender.
- O que o senhor que eu faça? – perguntou novamente.
Ben se aproximou – algo que nunca fazia – e cravando seu olhar negro nos olhos verdes de seu filho mais velho respondeu:
-Chuta. Apenas chuta.
O garoto olhou para a bola de couro e olhou novamente para seu pai que assentiu.
“Chutar. Apenas chutar”.
-Mas por quê? – perguntou.
Ele podia jurar que viu seu pai rolar os olhos antes de dizer de maneira fria e dura:
-Marcus, chuta essa bola agora.
E claro que o garoto obedeceu.
Chutou a bola com força que voou alguns metros antes de aterrisar no chão e seguir rolando por alguns segundos.
Ficou maravilhado com aquilo e sem se dar conta do que fazia, saiu correndo atrás da bola apenas para chutá-la novamente.
E foi chutando, chutando e chutando e rindo.
Se sentia feliz apenas por estar chutando aquela coisa esférica de couro, mas isso não era importante, o importante é que ele estava feliz.
Seu pai apareceu diante dele e colocou o pé em cima da bola, fazendo com que Marcus parasse de correr na hora.
-Isso não é uma brincadeira, Marcus. – disse seu pai depois que ele levantou o rosto corado para olhá-lo. –É um treinamento.
-Um treinamento, senhor? – perguntou o garoto tentando recuperar o fôlego.
-Sim. Você tem que superar sua própria força.
-Como?
-Chutando a bola com toda a sua força e depois correndo para ultrapassá-la.
Marcus que tinha corrido atrás da bola por uns bons quinze minutos achava isso impossível.
Percebendo o olhar aflito do filho, Ben  continuou:
-No início pode parecer difícil, mas você vai conseguir. Tem que conseguir.
Aquilo não era um incentivo, era uma Ordem.

Marcus treinou dias e dias tentando superar sua força. Não podia negar que ainda se sentia feliz por estar fazendo aquilo, pois parecia uma brincadeira. Mas no fundo de sua alma de oito anos de idade, tudo o que ele queria era provar para seu pai que era forte, que ele era bom.
Que ele era seu filho, apesar de tudo.
Tudo que Marcus queria era que seu pai também o amasse.

Viktor estava olhando pela grande janela de seu quarto que dava para o campo de treinamento.
-O que Marcus está fazendo? – perguntou ele com sua vozinha de seis anos.
Um dente faltando na frente fazia sua língua enrolar.
-Treinando. – respondeu Ben que assinava uns pergaminhos com a testa franzida.
-Eu posso brincar com ele também? – perguntou o garoto com os olhos verdes brilhando. Ben o olhou. Aqueles olhos iriam fazer muita gente se jogar aos seus pés no futiro. Aqueles malditos olhos verdes.
Mas Ben era forte e respondeu:
-Ele não está brincando, meu filho. Ele está treinando.
Viktor tirou o nariz do vidro da janela e rodeou a mesa onde estava seu pai.
-Pra que ele está treinando, meu pai? – perguntou.
Ben percebendo que não iria conseguir assinar aqueles documentos com o falatório de Viktor, largou a pena na mesa e o olhou para conversar também.
-Para ser forte.
Os olhos do menino brilharam.
-Mas eu quero ser forte também! – brigou ele.
Ben sorriu. Era isso que um Líder deveria querer ser. Forte. O mais forte. Viktor com seus seis anos já estava no caminho certo.
Passando a mão pelo cabelo preto de Viktor, ele respondeu:
-Mas você será forte, meu filho.
-Mais forte que Marcus? – perguntou o garoto apontando pra janela.
-Mais forte que todos os outros.
E Viktor acreditou.
Ele seria mais forte que todos os outros.
Mais forte que Marcus.

Marcus chutou a bola com força e correu, correu e correu com suas pernas compridas para um garoto da sua idade.
Mas antes que pudesse ultrapassá-la, uma perna gorduchinha apareceu e chutou a bola para o outro lado.
A risada infantil de Viktor atravessou o campo e Marcus o olhou irritado. Ele estava atrapalhando.
-Viktor, o que faz aqui? – perguntou se aproximando do seu irmão que parecia estar se divertindo.
-Fugi do papai. – sussurrou o menino como se todos os vampiros ali não pudessem escutá-lo.
Marcus franziu as sobrancelhas – exatamente como seu pai – e balançou a cabeça.
-Não tem como fugir dele, você sabe disso.
O garotinho olhou para os lados como se seu enorme pai pudesse surgiu do nada e levá-lo para dentro. Bem, ele podia fazer isso.
-Ele está com a mamãe. – disse ele como se isso explicasse tudo.
E explicava.
Quando Ben ia se encontrar com Olívia, Viktor jamais ia junto. Olívia não o olhava.
E nem gostava de fazê-lo.
Até um menino de seis anos como ele podia perceber isso, embora não entendesse.
-Isso não importa. – rebateu Marcus bem como um irmão mais velho – Você não pode sair da Mansão sem o nosso pai.
Viktor corou suas bochechas fofas e pareceu zangado.
-Mas você sai! – gritou ele – Você está aqui fora brincando!
Marcus rolou os olhos e pegou seu irmão pela mão, mesmo sabendo que sua mão o faria tomar um longo e longo banho depois disso.
Não podia tocar em seu irmão.
-Não estou brincando, estou treinando. – disse ele enquanto levava seu irmão de volta à Mansão.
-Para ser forte. – murmurou Viktor ainda zangado, mas deixando ser levado.
-Sim. – respondeu Marcus – Eu tenho que ser muito forte.
Viktor pareceu pensar um pouco sobre isso enquanto subiam as escadas da frente da casa.
-Mas eu vou ser mais forte que você. – disse o garoto depois de um tempo.
Não soava exibido nem nada, um menino de seis anos não saberia sê-lo, mas sua voz machucou Marcus que sabia que seu pai tinha dito aquilo.
-Sim, você será Nosso Líder, então será muito, muito forte. – disse ele tentando sorrir.
Viktor parou e sorriu com seus olhos brilhando.
“Ele tem os olhos da mamãe”, pensou Marcus.
-Então eu vou poder ficar lá fora brincando com você de chutar aquela coisa e correr atrás? – perguntou o menino como se quisesse ser o Líder agora mesmo.
Marcus não sabia exatamente o que um Líder fazia, mas nunca tinha visto seu pai correndo atrás de uma bola, mas achou que seu irmão pudesse fazer o que quisesse quando fosse forte.
-Você vai poder fazer o que quiser. – disse ele quando já estavam subindo agora as escadas de dentro da Mansão.
Viktor subiu as escadas pulando e seu irmão teve que acompanhá-lo. Não que não fosse divertido, mas sabia que isso duraria pouco.
-E você vai poder brincar comigo, não vai? – perguntou o garotinho sem fôlego.
Antes que Marcus pudesse responder, Ben apareceu correndo e os segurou no colo, levando-os para bem longe dali e os colocou num quarto.
-O que vocês estavam fazendo?! – gritou Ben que mesmo sabendo que eram seus filhos sentiu sua garganta queimar de sede. Eles estavam suados e o cheiro doce de sangue puro invadiu a casa inteira.
Ele os salvou por muito pouco. Só Deus sabia o que ele teria que fazer para acalmar os vampiros dali agora.
Os olhos de Viktor já estavam cheios de água. Seu pai nunca havia gritado com ele.
Marcus estava firme, mas seu coração batia acelerado.
-Eu estava trazendo Viktor para dentro... – disse o menino com sua voz rouca – Ele...
Marcus não ia dizer que seu irmão tinha fugido, mas isso já era óbvio.
-Está bem, Marcus, eu sei o que aconteceu. – respondeu Ben.
Ele se aproximou de Viktor e colocou suas mãos nos ombros da criança.
-Nunca mais, nunca mais saia de casa sem mim. – disse ele com a voz sedosa e encarando os olhos verdes de seu filho.
Algo estava acontecendo ali, Marcus percebeu.
-Sim, senhor. Nunca mais sairei sem o senhor. – disse o menino e depois piscou como se estivesse perguntando “onde é que eu estou”.
E em menos de um minuto, Viktor e Ben tinham saído do quarto deixando Marcus sozinho.
Mas Ben voltou, se abaixou e disse:
-Você não precisa disso, pois já é grande o suficiente para saber que não pode colocar a vida de seu irmão em risco.  A vida de seu Líder em risco. – disse o pai e Marcus apenas escutava.
-Ninguém aqui em Burns ousaria tocar no futuro Líder, mas sabe o que aconteceria com você?
Marcus já sabia.
Com oito anos ele já sabia que iria morrer a qualquer momento.
Então ele assentiu.

Marcus sabia que o que estava fazendo era errado, mas ele queria fazer.
Era difícil admitir, mas os poucos minutos que tinha passado ao lado de seu irmão foram os mais divertidos da sua vida.
Ele era agora apenas uma criança querendo brincar.
Entrou no quarto de Viktor e sacudiu seu irmão.
-Viktor, acorde, Viktor. – chamou ele.
-Qu-quê foi? – perguntou o irmão passando as mãos nos olhos.
-Quer brincar? – perguntou Marcus jogando a bola que trazia embaixo do braço na cabeça de seu irmão, que invés de gritar deu uma gargalhada.
-Shhh... Não podemos fazer barulho. – disse o irmão mais velho.
-Tá, tá, desculpe. – disse o garotinho sussurrando.
Marcus subiu pra cama também e ficaram jogando a bola um no outro e um para o outro.
Claro que quebraram muitas coisas no quarto e fizeram muito barulho com suas gargalhadas e gritos, mas eles não se deram conta.
Depois vieram os travesseiros que viraram penas depois de um tempo.
E depois, mais tarde naquele dia, caíram esgotados em cima da cama bagunçada, ainda rindo.
-Quando eu for Líder vamos poder brincar todos os dias? – perguntou Viktor puxando a coberta e se enroscando nela.
Marcus acreditava que sim, por isso respondeu:
-Vamos poder brincar todos os dias.
E sorrindo, esgotados, os dois dormiram.

Fim.
 

3 comentários:

  1. oi queria saber se vc estaria enterresada em uma parceria comigo(http://www.blogspot.com)
    entre em contato comigo pelo e-mail:gabik_r@hotmail.com aguardo retorno
    agradeço a atenção

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  2. Li até o capítulo 9 disponível na barra lateral do seu blog. Amei este que narra um pedacinho da infancia dos irmãos. Emocionante!!!!
    ;) bjs***

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