domingo, 29 de dezembro de 2013

Especial de Natal - Parte 1,5

(Na praça de alimentação do shopping, sentados em uma mesa)
— Então... — os vampiros começaram antes, sem tempo a perder — Seus nomes?
— Daniel e Danielle Haunt...
— São gêmeos? — indagou Letícia.
— Somos — respondeu a irmã – E seus nomes?
— Will Draw e Letícia – respondeu o vampiro e sorriu com o canto da boca – Que sobrenome interessante. Aposto que nem temem o meu...
— Will! — chiou Letíca tentando não revirar os olhos. Como se cada criatura do mundo tivesse que reconhecer e temer ao sobrenome Draw.
— Vocês, por acaso, temem ao nosso? — indagou Daniel rindo do absurdo de se temer a um nome.
— Não tememos a nada — assinalou Will com um certo brilho assustador no olhar.
O fantasma apenas balançou a cabeça e resolveu se divertir um pouco. Buscou com o olhar as lojas que rodeavam a praça de alimentação lotada e, quando encontrou o que queria, chamou Letícia com um “hei”.
— Isso ficaria bem em você — disse ele apontando para um curto vestidinho branco de alças finas e com rendas que o deixava praticamente transparente.
Letícia olhou para suas roupas negras e depois para o vestidinho. Começou a rir.
Ouviram um rosnado sair da garganta de Will e ele desaparecer por alguns minutos apenas para voltar um tempo depois com uma sacola na mão e entregar para Danielle. A árvore de Natal nunca saíra de seus ombros.
Isso – enfatizou a palavra – ficaria bem você.
A fantasma espiou para dentro da sacolinha e teve que rir. Não sabia o que mais poderia fazer.
— Vocês são namorados? – ela perguntou para uma Letícia muito curiosa que tentava ver o que continha na sacola – Porque ele está dando em cima de mim.
A vampira não viu, mas Will ficou mais vermelho que qualquer enfeite de Natal daquele shopping.
Daniel não podendo mais se aguentar de curiosidade e com aquele ciúme besta de irmão, acaba puxando a sacola das mãos da irmã que avisa:
— Você, de verdade, não vai querer ver o que tem aí dentro.
Mas era tarde demais e Dan já tirava com as pontas dos dedos uma lingerie azul claro tão pequena que sumia em suas mãos com facilidade.
— Vamos parar com brincadeiras, por favor – interrompeu Letícia quando viu que os olhos do garoto voltavam a ser vermelhos e que Will estreitava os seus — Vocês não estão com fome?


Os gêmeos voltaram em alguns minutos com gordas bandejas do McDonald’s e sentaram-se em frente aos vampiros que não haviam pedido nada por enquanto.
— Como seus olhos estão azuis? — perguntou Will fascinado, parecia que a hora da brincadeira havia ficado para trás.
— As pessoas não estão acostumadas com olhos carmim.
O vampiro apenas assentiu. Pessoas, os humanos, também não estavam acostumadas com presas e frios olhos cinza.
— Vocês não comem? — indagou Danielle, dando uma boa mordida em seu hambúrguer.
— Bem... – Letícia olhou incerta para Will e de volta para Dany – Fazemos a dieta de grupo sanguíneo
— Não parece que vocês precisam de dieta – retrucou a outra garota.
— É, – remexeu-se – Mas só podemos comer coisas vermelhas por certo tempo.
— Tem salada, peça tomate, sei lá... — tentou Daniel, também comendo.
— Não, obrigado — cortou Will e virou-se para eles decidido. — Afinal, o que vocês são?
– Eles estão comendo, Will – disse Letícia – Mas será que está tudo bem em falar? E Marcus...?
— Ele não precisa saber. – retrucou convicto – E estou louco para saber o que Daniel é e tenho certeza que você também.
Ela não teve opção senão concordar.
— O que acham que somos? – perguntou ela para os gêmeos.
— Bem, não comem e odeiam brilho. Devem ser algo das trevas — respondeu Danielle rindo.
— Algo das trevas tipo fadas dos dentes e essas coisas? — tentou Letícia com um sorriso enigmático — Não, somos piores que isso.
— É, somos. Somos... — Will pegou um guardanapo e puxou uma caneta. Escreveu “Vampiro” e deu para os gêmeos lerem, não podia simplesmente dizer a palavra em voz alta.
Daniel o olhou e sorriu dando o papel para sua irmã. Danielle leu e se assustou, quase se afogando com o refrigerante, mas não perdendo a oportunidade, perguntou para ele:
— E nossos poderes?
— Funcionam sim, – garantiu Dan – não se preocupe...
— Como você sabe?
— Já vi um.
— Já viu e sobreviveu? – quis saber Will, descrente e surpreso – Como?
— Meus poderes funcionam contra eles, pois somos... — Daniel pediu a caneta a Will, e escreveu “Fantasma”. Will leu e arrepiou-se.

— Deus me livre! – fez um sinal da cruz – Não, não existem fantasmas — e sussurrou a última palavra.

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